Gluten free: afinal, qual a sua relação com a Doença Celíaca?

Você sabe o que é Gluten Free e qual a sua relação com a doença Celíaca? Ainda não? Então, não perca o artigo de hoje!

Certamente você já notou que a procura por alimentos sem glúten, os chamados “gluten free”, teve um grande aumento nos últimos anos, não é mesmo? Mas, você sabia que grande parte das pessoas que procuram por esse tipo de alimentação tem Doença Celíaca (DC)?

A DC é uma das doenças relacionadas ao glúten e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, afeta 1% da população mundial. Ela é uma doença autoimune – ou seja, as células de defesa de seus portadores agridem as células do próprio organismo e causam um processo inflamatório. Isso pode gerar uma série de complicações. Vamos entender mais sobre a relação entre Gluten Free e Doença Celíaca? Continue conosco!

O que é Doença Celíaca?

Antes de falarmos sobre a DC, precisamos ressaltar que o glúten é uma proteína composta pela mistura de duas outras proteínas, a gliadina e a glutenina, que estão presentes em cereais como centeio, trigo, cevada, malte e aveia.

Dessa forma, quando uma pessoa portadora da Doença Celíaca consome alimentos com glúten, as células do seu organismo atacam a si mesmas, gerando um processo inflamatório na mucosa do intestino delgado.

Como consequência, ocorre a atrofia das vilosidades intestinais, ocasionando a má absorção dos nutrientes e uma enorme variedade de manifestações clínicas — que incluem a intolerância à lactose e até mesmo câncer intestinal.

Embora estudos apontem que ela é mais facilmente diagnosticada em crianças com a Síndrome Má-absortiva, a Doença Celíaca atinge jovens, adultos e idosos de ambos os sexos.

Além disso, um dos fatores desencadeadores da doença é a predisposição genética. Quando uma pessoa descobre a doença, é muito importante que seja investigada nos familiares de primeiro e segundo graus. Então, os familiares devem realizar os exames, mesmo sem apresentar quaisquer sintomas da doença, pois muitos são assintomáticos.

Quais são os sintomas da DC?

Pacientes celíacos costumam sofrer muito até chegar a um diagnóstico. Afinal, a quantidade de sintomas é vasta e varia de pessoa para pessoa. Por conta disso, muitas vezes, há uma falha ou atraso na identificação da doença, o que compromete o diagnóstico, além de prejudicar as estatísticas de celíacos no país.

De acordo com a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), os sintomas se confundem muito. Ou seja, os médicos costumam diagnosticar a doença celíaca como azia, intestino irritado ou gastrite. Assim, medicam sem fazer um simples exame de sangue e não descobrem se o paciente é celíaco ou não.

Ainda sobre a variedade de sintomas, enquanto alguns celíacos têm diarreia, outros têm constipação. Ainda, outros apresentam reações alérgicas na pele ou mesmo não têm nenhum tipo de irritação. No entanto, vamos listar alguns dos principais sintomas:

  • perda de peso;
  • anemia;
  • cólica;
  • dor de cabeça;
  • atraso no crescimento;
  • osteoporose;
  • náusea;
  • fadiga;
  • vômito.

Como ocorre o diagnóstico e o tratamento da Doença Celíaca?

Ao desconfiar da DC, o médico gastroenterologista deve solicitar dois exames principais:

  • a biópsia do intestino (para verificar se há alguma alteração ou inflamação e atrofia das vilosidades);
  • exames sorológicos (para dosar os anticorpos contra o glúten no sangue).

Tratamento

O único tratamento para a DC é a retirada total do glúten da alimentação. Nesse sentido, é muito importante que o paciente celíaco tenha a consciência e entenda a sua doença, pois somente assim poderá levar uma vida saudável e feliz.

Caso contrário, sua alimentação pode piorar os sintomas e, inclusive, levá-lo a óbito por desnutrição. Portanto, esse é um assunto muito sério.

Para viver com DC, basta investir em uma alimentação gluten free?

Sim e não. Isto é, sim porque basta retirar todos os alimentos que contenham glúten da alimentação (como pães, bolos, pizza, torta, salgados, dentre outros) e começar a consumir somente refeições gluten free. Ao mesmo tempo, é preciso fazer mais do que apenas eliminar esses tipos de alimento específicos da dieta

Por exemplo, imagine que uma pessoa com DC vá em um restaurante e queira comer um bife de boi que, inicialmente, é um alimento sem glúten — desde que não tenha sido temperado com produtos industrializados ou que não tenha sido utilizado um amaciante de carne que contenha glúten.

No entanto, o bife foi preparado no mesmo óleo que foi utilizado para fritar uma batata industrializada com glúten – nesse caso, o alimento já não é adequado para consumo por uma pessoa com doença celíaca. Dessa maneira, o bife, em si, não tem glúten. Porém, ele sofreu o que chamamos de contaminação cruzada. Sendo assim, essa alimentação não está apta para o celíaco.

Como viver uma vida gluten free?

A celíaca e integrante dos Celíacos da Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, Priscíla Palavro, explica que, quando recebeu o diagnóstico da doença celíaca, foi um choque.

“Mas, ao mesmo tempo, é um alívio, porque descobri qual é o problema e entendi que teria uma nova condição de vida a partir daquele momento. Minha recomendação é que todas as pessoas que acabaram de descobrir que também são celíacas fiquem calmas, pois existe vida pós-glúten”, conta Príscila. Ela conta que descobriu a DC há mais de 8 anos, quando o assunto “gluten free” ainda não era muito conhecido e as opções de alimentação não eram muito variadas ou mesmo saborosas — ou, ainda, eram extremamente caras.

Priscila ressalta que o grande problema de ter a doença é a vida social, pois um paciente com doença celíaca não pode mais ir em uma pizzaria, em um restaurante ou praticar os hábitos que praticava antes de receber o diagnóstico.

“É complicado porque a vida social é muito afetada. Afinal, precisamos sempre buscar por empresas especializadas e de confiança (que realmente forneçam alimentos próprios para o celíaco, sem o risco de contaminação cruzada). Fora isso, não dá para arriscar, pois com saúde não se brinca, finaliza.

Quais são as outras doenças relacionadas ao glúten?

Além da DC, existem mais duas principais doenças relacionadas à ingestão do glúten: a Alergia ao Trigo (AT) e a Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca (SGNC). Entenda um pouco mais sobre elas!

Alergia ao Trigo

Como o nome sugere, a AT é uma alergia alimentar que pode envolver manifestações tanto gastrintestinais quanto de pele ou até mesmo das vias respiratórias. Ela resulta em edema nos lábios, erupção cutânea, dermatite atópica, urticária, rinite alérgica, dentre outros. Também há o risco de morte devido à anafilaxia.

Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca

A SGNC ainda é pouco conhecida, mas ela provoca manifestações gastrintestinais e extra intestinais. Os sintomas são muito parecidos com a Síndrome do Intestino Irritável e eles melhoram e/ou desaparecem dentro de algumas horas ou dias após a retirada do glúten. O paciente apresenta os sintomas, ainda que tenha resultados negativos nos exames para DC, e obtém melhoras significativas com a exclusão do glúten.

Então, fica a dica: ao desconfiar dos sintomas, procure um médico e exija os exames para a DC. E, se você já descobriu que é celíaco, preze sempre pela sua saúde: consuma somente alimentos 100% gluten free comercializados e produzidos por empresas especializadas.

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